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SALGUEIRO

Resultado da união entre as Escolas de Samba Depois Eu Digo, Unidos do Salgueiro e Azul e Branco, a “Academia” nasceu no Morro do Salgueiro, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Sob o comando de Nelson Andrade, deu uma guinada na história dos desfiles a partir dos anos 60, elegendo temas que exaltavam a contribuição do negro para a formação da identidade brasileira.  

SAMBA-ENREDO

A Escola está em fase de definição de
seu Samba-Enredo

SALGUEIRO DE CORPO FECHADO

Autores: XANDE DE PILARES, PEDRINHO DA FLOR, BETINHO DE PILARES, RENATO GALANTE, MIGUEL DIBO, LEONARDO GALLO, JORGINHO VIA 13, JEFFERSON OLIVEIRA, JASSA E W.CORREA

Intérprete: Igor Sorriso

PREPARA O ALGUIDAR ACENDE A VELA 
FIRMA PONTO AO SENTINELA, PEDE A BENÇÃO PRA VOVÔ 
FAZ A CRUZ E RISCA A PEMBA  
QUE CHEGOU EXU PIMENTA E A FALANGE DE XANGÔ 
TEM ERVA PRA DEFUMAR, CARREGO O MEU PATUÁ 
ADOREI AS ALMAS QUE CONDUZEM MEU CAMINHO 
Ê MOJUBÁ MARABÔ INVOQUE A LUA 
QUE O POVO DA ENCRUZA NÃO VAI ME DEIXAR SOZINHO 
SOU HERANÇA DOS MALÊS, BOM MANDINGO E ARISCO USO A PEDRA DE CORISCO PRA BLINDAR MEU DIA A DIA NO TACHO ARRUDA E ALECRIM ÔÔÔ! 
BALA DE CHUMBO CONTRA TODA COVARDIA


TENHO A FÉ QUE HABITA O SERTÃO, DE LAMPIÃO, O CANGACEIRO 

FEITO MORENO EU VOU VIVER, MAIS DE CEM ANOS, NO MEU SALGUEIRO       (BIS)

SOU ESPINHO QUAL “FULÔ” DE MACAMBIRA 
OLHO GORDO NÃO ME ALCANÇA 
ANTE O MAL A PAJELANÇA PRA CURAR 
SEMPRE HÁ UMA REZA PRA SALVAR 
O NÓ DESATA, LIBERDADE PELA MATA 
E OS MISTÉRIOS DO AXÉ, MEU CANDOMBLÉ 
DERRUBA O INIMIGO UM POR UM 
EU LEVO FÉ NO PODER DO MEU CONTRA EGUM 
SALVE SEU ZÉ, QUE ALUMIA NOSSO MORRO 
ESTENDE O CHAPÉU A QUEM PEDE SOCORRO 
VERMELHO E BRANCO NO LINHO TRAJADO 
SOU EU MALANDRAGEM DE CORPO FECHADO


MACUMBEIRO, MANDINGUEIRO, BATIZADO NO GONGÁ 
QUEM TEM MEDO DE QUIUMBA, NÃO NASCEU PRA DEMANDAR 

MEU TERREIRO É A CASA DA MANDINGA (BIS)
QUEM SE METE COM O SALGUEIRO ACERTA AS CONTAS NA CURIMBA

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ENREDO

SALGUEIRO DE CORPO FECHADO

Carnavalesco: Jorge Silveira

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SINOPSE

Sem medo de macumba, sem medo de quiumba, o Salgueiro prepara o tacho de óleo de oliva, arruda, guiné, alecrim, carqueja, alho e cravo. Com o sinal da cruz na fronte, no peito, nas mãos e nos pés, nossa escola vai entrar na maior encruzilhada do mundo, a Marquês de Sapucaí, de corpo fechado. A história e cultura do fechamento do corpo está inserida em um conjunto de crendices presente em religiões africanas e européias que sobreviveram à travessia do Atlântico. Ao longo do tempo, o pacto para a proteção do corpo se diversifica e caminha com nuances próprias nas pequenas cidades do interior, na zona rural, na periferia, na cidade grande. Territórios de um mundo mágico-religioso, povoado de rezas, crenças, simpatias e benzeções.
 

A crença na invulnerabilidade chegou ao Brasil por meio dos mandingos escravizados, do antigo Império Mali, que eram ao mesmo tempo guerreiros, feiticeiros e seguidores do islamismo. Do nome desse povo, veio o termo mandinga, no sentido de feitiço, mágica, coisa-feita, despacho. Embora fosse seguidor da religião islâmica, o fundador do Império Mali, Sundiata Keita, possuía, conforme se acreditava, poderes mágicos vindos dos amuletos que utilizava. As chamadas bolsas de mandinga eram costuradas em pano ou couro com passagens do Alcorão, portadas junto ao corpo para trazer proteção e poder, que se intensificavam em proporção direta ao número de talismãs usados.

Trazidas à Colônia, foram adaptadas como "patuás terapêuticos" contra "males" do corpo e da alma. Supunha-se que as bolsas de mandinga tinham propriedades de cura e que fechavam o corpo contra doenças e feitiços. Na Bahia, as passagens corânicas foram substituídas por orações cristãs, acrescidas ainda de diversos elementos, como balas de chumbo, pedra de corisco, pólvora, olho de gato, osso de defunto, moedas de prata, sangue humano e de animais. A potência das mandingas estava no ritual que lhes conferia um poder místico após sua confecção. Eram cozidas dentro de bolsas e defumadas com incensos e ervas para depois serem benzidas e enterradas em encruzilhadas à meia-noite ou depositadas debaixo do altar de uma igreja para em cima delas serem rezadas três missas, o que as tornaria ainda mais poderosas. Além de acreditarem ter o corpo fechado ao usá-las, muitos daqueles que traziam tais objetos em volta do pescoço esperavam também que lhes trouxessem dinheiro, sorte e mulheres.
 

Da mesma forma, no sertão, existia a ideia de que o corpo do cangaceiro era magicamente fechado, protegido contra armas e munição. Muito supersticiosos, estruturavam suas vidas de acordo com uma série de rituais. Tinham obsessão por cobrir os próprios corpos com símbolos, emblemas e orações protetoras: estrelas posicionadas na frente e no verso de chapéus protegiam contra o olho gordo; as estrelas de oito pontas recordavam a macambira, uma planta espinhosa comum na região, que ninguém tocava; a flor-de-lis, representação do lírio, era um símbolo de pureza, atributo ironicamente admirado pelos bandidos. Crucifixos, rosários, o manto da Virgem Maria... Os sertanejos constituíram assim seu próprio "manto sagrado", todos armados de mosquetões, excentricamente adornados, para cobrir o corpo masculino "aberto" pela mulher.
 

Moreno, um cabra bem famoso, o feiticeiro do bando de Lampião, conhecia todas essas formas de pactos e ritos para fechar o corpo. O cabra cujo a volante tinha raiva por ele e o bando sempre escaparem contou que fechou os corpos de quase todos os aliados, fazendo-lhes patuás poderosos; e ainda santificou-lhes os anéis para que tivessem uma mira certeira e uma argúcia mortal no manejo dos punhais. Aos mais perigosos e mais procurados pela polícia, Moreno ensinou como se "envultar" (ficar invisível) através de pactos com "diabos  dóceis". Reza a lenda que Lampião quase sempre declinou dessas feitiçarias. Temente a Deus e afilhado de Nossa Senhora, ele "não queria ficar devendo favor ao Diabo". O chefe dos cangaçeiros só aceitou levar um sinete na aba dianteira do chapéu que lhe concedia talentos premonitórios. Quando foi abatido no cerco de Angico (Sergipe), Lampião estava usando um outro chapéu, estava "desprotegido". O "chapéu mágico" fora devolvido ao próprio Moreno, que dele recortou o sinete e o guardou consigo até sua morte, aos 100 anos.

Fé ou superstição? Sempre há quem enfrente as crendices de peito aberto. Mas se a ideia é fechar o corpo, haverá aqueles que procuram, nas rezas e nas devoções, uma calmaria para o desassossego. Para todos os males que atingem o corpo e a alma do homem, sempre há uma reza para curar. Corpo e espírito não se separam. Hoje, várias cerimônias para fechar o corpo são feitas pelo país. Essa prática visa tornar a pessoa invulnerável não apenas a armas, como também da inveja, doenças, má sorte etc.

Contra a panema, no linguajar indígena, desgraça, infelicidade, poderes sobrenaturais são exercitados com adomos de santos combinados com velhos espíritos da selva, os "encantados". Pessoas que estiverem acometidas pelo "roubo de sombra" só tendem a ser consideradas curadas quando benzidas a partir do ritual da pajelança, um ritual de restabelecimento espiritual. O pajé dança, canta o toante e o maracá, carrega plantas, penas. Nas cerimônias Pankararu, o "remédio do mato" recobra do flechamento, quando "bichos ruins" ou entidades malignas desejam se apossar do espírito da pessoa. Aqui a cura vem do poder da mata. A mata tem uma gente que tem muito poder.

Em uma religião que celebra a vida, é fácil perceber que um corpo saudável é uma obrigação essencial. O corpo no Candomblé alcança e representa o sagrado, traz sentimentos, sensações e emoções. Com banhos de ervas (abô), passes magnéticos e palavras encantadas, para formalizar e sacralizar o ritual de fechamento de corpo, usa-se o contra egum. Uma ferramenta de defesa confeccionada em palha da costa, podendo conter búzios elou contas referentes aos Orixás ou Divindades, que possui uma grande quantidade de axé, agindo sobre a áurea eliminando todas as energias negativas e doenças do corpo. Somente o corpo doente pode encontrar essa cura; somente a ferida que dói, uma hora cicatriza.

É o corpo que se fecha, como uma casa que veda suas frestas

E no meu terreiro, Salgueiro, quem me protege não dorme. Advogado dos pobres e doutor das doenças da alma, do corpo e do espírito, mestre da jurema, Exu na Quimbanda, Preto Velho na Linha das Almas, feiticeiro, mandingueiro, orador, rezador, catimbozeiro, dono da magia. Defensor dos feitiços e das magias negativas. Trabalha em todas as linhas espirituais, tanto na direita quanto na esquerda da Umbanda, Quimbanda, Catimbó... Seu Zé é um mistério divino. Mestre curador porque faz cura, trabalhos de virada. Malandro da Lapa. Acompanhado de sua Falange de Malandros, atua como protetor da minha casa. Vigia quem entra e quem sai, toma conta do entorno para me defender. É bom, pois faz o bem, mas, quando está "virado", manda a maldade de volta para quem enviou. Despacha, se vinga.

O INIMIGO CAI, EU FICO EM PÉ.

Porque eu tenho meu corpo fechado, tenho um malandro do meu lado pra me acompanhar.

Que Seu Zé me proteja daquilo que não posso ver! Que meus inimigos não me vejam nem de noite, nem de dia, nem no pingo do meio dia. Que assim seja.

Carnavalesco: Jorge Silveira
Texto: Igor Ricardo

FICHA TÉCNICA

Fundação: 05/03/1953
Cores: Vermelho e Branco
Presidente de Honra (In Memoriam): Djalma Sabiá

Presidente: André Vaz da Silva

Carnavalesco: Edson Pereira

Mestres de Bateria: Guilherme e Gustavo

Rainha de Bateria: Viviane Araújo
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Sidcley Santos e Marcella Alves
Comissão de Frente: Patrick Carvalho

Quadra: Rua Silva Teles, 104 - Andaraí - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20541-110
Barracão: Cidade do Samba (Barracão nº 08) - Rua Rivadávia Correa, nº 60 - Gamboa - CEP: 20.220-290

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