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SAMBA-ENREDO

"Egbé Iya Nassô"

Autores: Thiago Vaz, W. Corrêa, Richard Valença, Diego Nicolau, Orlando Ambrósio, Renan Diniz, Miguel Dibo, Cabeça do Ajx , Chacal do Sax, Julio Alves, Igor Federal, Caio Alves, Camila Myngal, Marquinhos, Faustino Maykon e Claudio Russo.

Intérprete: Bruno Ribas

EIÊÔ! KAÔ KABECILÊ BABÁ OBÁ!
COURAÇA DE FOGO NO ORÔ DO VELHO AJAPÁ, RAÇA DO POVO DO ALAFIN,
E ARDE EM MIM,
RUBRO VENTRE DE OYÓ,
NA ESCURIDÃO, NUNCA ANDAREI SÓ
VOVÓ DIZIA: SANGUE DE PRETO É MAIS FORTE QUE A TRAVESSIA!
SAUDADE, QUE INVADE! FOI MARÉ EM TEMPESTADE
SOPRA A ANCESTRALIDADE NO MAR (Ê RAINHA)
PRECEITO É HERANÇA SEM MARTÍRIO
AIRÁ GUARDA SEUS FILHOS NO ILÊ DA BARROQUINHA

É A SEMENTE QUE A FÉ GERMINOU, IYÁ ADETÁ
O FRUTO QUE O AXÉ CULTIVOU, IYÁ AKALÁ,
IYÁ NASSÔ, Ê BABÁ ASSIKA, IYÁ NASSÔ, Ê BABÁ ASSIKA

VOU VOLTAR MAINHA, EU VOU, VOU VOLTAR MAINHA, CHORE NÃO, QUE LÁ NA BAHIA XANGÔ FEZ REVOLUÇÃO

OXÊ
A DEFESA DA ALMA NA PALMA DA MÃO
NO CLÃ DE OBATOSSI, HÁ BRAVURA DE OXÓSSI NO MEU PANTEÃO
É D’OXUM O ACALANTO QUE GUARDA O OTÁ
DO VELHO ENGENHO, XIRÊ QUE MANTENHO NO MEU CAMINHAR
TOCA O ADARRUM QUE MEU ORIXÁ RESPONDE. OLORUM,
GUIA O BOI VERMELHO SEJA ONDE FOR GIRA SAIA AIABÁ, TRAZ AS ÁGUAS DE OXALÁ
JUSTIÇA DE OGODÔ, TAMBOR GUERREIRO FIRMA O ALUJÁ


AWURÊ OBÁ KAÔ! AWURÊ OBÁ KAÔ! VILA VINTÉM É TERRA DE MACUMBEIRO
NO MEU EGBÉ, GOVERNADO POR MULHER IYÁ NASSÔ É RAINHA DO CANDOMBLÉ!

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ENREDO

"Egbé Iya Nassô"
Carnavalesco: Alexandre Louzada e Lucas Milato
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SINOPSE

   I

Agô! 
   É no sangue que corre a vida. 
   É o Axé que nos faz viver. 
   Orixá é cabeça da nossa força! 
   E do ventre da Iyá de todos nós, o Axé chegou de mãe para filha, de mãe para uma nação. 
   A Iyá que legou ao mundo o vermelho-sangue da fé de pretas e pretos que matiza nossa terra, nossa Vila Vintém, nosso pavilhão. 
   Hoje, os tambores do samba ecoam a tradição oral e um chamado ancestral, conectando o Orun dos Orixás às raízes profundas da vida Iorubá. 
   E,pela força do Axé, se levanta o Boi Vermelho em um cortejo mágico para buscar a exuberância de reinos encantados, filhos do ventre sagrado de Ialorixás que pairam entre divindade e humanidade e que se fundem na gênese da criação Nagô. 
   O vento, em seus sussurros, revela o resplandecer do vermelho ardente, enquanto grãos de areia acariciam o solo, testemunhando passos que acalentam as almas. No céu, o orvalho se ergue como lágrimas de gratidão em honra ao Alafin. Na corte do palácio, rainhas e princesas adornam o Adê do Rei com sua preciosa beleza. 
   Kaô Kabecilê Xangô! 
   Em Oyó-Ilé, a majestade resplandecia, refletindo a força dos segredos guardados pelas Iyás. Suas vidas eram devotadas ao bem, como uma poesia eterna entoada aos deuses. Os tesouros que teceram o Adê de Xangô se espalhariam pelo Brasil, entrelaçando mistérios e ancestralidade.

   II

Os raios de Oòrún e a luminosidade de Òsùpá testemunhavam os dias de esplendor e as noites de glória que banhavam Oyó. Mas o horror dos ventos de imposta mudança soprou impiedosamente com a fúria covarde de usurpadores, rasgando o tecido da existência do império. No horizonte, uma travessia de dor, procissão ao desconhecido dos filhos e filhas que carregariam o lume de outrora em seus corações. 
   Nas espumas do Atlântico, onde lágrimas se confundiram com ondas, a fé se ergueu como velas a singrar os destinos através das águas turbulentas. O grivar daquelas velas destronadas de Oyó apontava na direção de outros rumos. O legado de uma África ancestral, entrelaçado com a coragem e determinação de uma princesa destemida, desembarcou nas terras sagradas de Salvador. Seus passos trouxeram consigo lembranças, afetos, saberes. Pulsava em seu peito a justiça e o Axé como um coração vibrante: Iyá Nassô, a filha de Oyó sob o Oxê de Xangô. 
   O tecido vermelho que outrora adornava o trono do Alafin não se esvaneceu. Iyá Nassô, guardiã e herdeira do sagrado segredo do Axé, o trouxe consigo, erguendo das cinzas uma chama ardente de esperança alimentada pela fé inabalável em seus Orixás, tornando-se um farol de resistência e resiliência para todos os seus descendentes.

   III

Pela Ladeira do Berquó, Iyá Nassô, ao lado de outras princesas, protegidas pela força invencível de AyráIntilé, consagraram a luz da tradição nas imediações da Capela da Confraria de Nossa Senhora da Barroquinha. A fé se enraizou. Xangô, com seu trovão e tempestade de justiça, abençoou e guardou Iyá Nassô, tecendo um manto de proteção invisível, mas impenetrável. 
   E a resistência negra, nas vizinhanças católicas, se encontrou em irmandades, confrarias e sociedades secretas de pretas e pretos que nunca esmoreceram. Firmado um elo com suas irmãs de Ketu, Iyá Adetá e Iyá Akalá, e com a ajuda de outro venerável que permaneceu ao seu lado, Babá Assiká, Iyá Nassô teria plantado o Axé, semeando a fé primordial e dando o sopro da vida ao Candomblé no Brasil. Cada lágrima derramada foi uma prece silenciosa que ecoou pelos corredores do tempo. Entre os sussurros das noites escuras e os murmúrios dos dias sufocantes, as sementes dos Orixás foram abençoadas no solo brasileiro, carregadas de esperança e coragem. 
 
 
  Sementes que, nutridas pela determinação e regadas pelo suor da devoção, começaram a germinar. Cada cântico entoado, cada tambor ressoado e cada ritual celebrado foi um ato de fé que fortaleceu as raízes dessa árvore sagrada. Nos arredores da Barroquinha, o Ilê Iyá Omi Axé Ayrá Intilé se enraizou como um bastião de esperança, uma fortaleza espiritual construída com os tijolos da ancestralidade e o cimento da união de todas as nações. 
   Ayrá Ponon Opukodê! 
   No solo abençoado, onde a dor se transformou em força e a opressão se converteu em resistência, a semente dos Orixás começou a florescer. As folhas de seus ramos abrigaram os filhos e filhas da diáspora, oferecendo sombra e consolo.

   IV

Todavia, o preconceito, como uma doença, sempre estava à espreita, impregnando os ares com intolerância. As religiões ancestrais, vivas nas almas dos negros e negras, eram vistas com desdém pelos olhos cegos de brancos indoutos e desprezíveis. Diante da injustiça e pela luta, o brado dos revoltosos! O grito dos Imalês ecoou pela noite, marcando profundamente o coração maternal de Iyá Nassô. 
   Tendo os filhos perseguidos após a Revolta dos Malês, por professarem sua fé à Xangô, Iyá Nassô, com a bravura destemida do machado de seu Orixá, interveio bravamente por seus filhos e converteu a prisão deles em um retorno à África. 
   Assim, para sua terra ela voltou, levando consigo sua família, de sangue e de santo, sacramentando a liberdade dos filhos e buscando mais aprendizados sobre a tradição dos rituais dos Orixás, sua força vital. 
   Aqui, a semente plantada com tanto sacrifício permaneceu. Essa semente, enterrada no solo fértil da Bahia de Todos os Santos, guardou a promessa de renascimento e resistência, mistério de vida eterno que continuou a penetrar cada vez mais fundo no solo, mantendo viva a chama da ancestralidade.

   V

Anos depois, o mar, testemunha viva de idas e vindas, trouxe então de volta de Uidá a sucessora filha-de-santo daquela que plantou a semente no solo baiano. Marcelina Obatossi sentou-se no trono de Xangô, dando continuidade ao legado matriarcal de Iyá Nassô, que ancestralizou em África. Obatossi, em seu caminhar, soprou a liberdade para o babalaô Bamboxê Obitikô, guardião dos segredos de Ifá e do Xirê, ancestrais que regaram o Axé plantado pela Mãe de Todos. 
   O terreiro foi consagrado com seu nome, agora em outra encosta, em outro morro de fé. Reergueu-se como Ilê Axé Iyá Nassô Oká, consideradoo mais antigo terreiro de Candomblé do Brasil, com a Casa para Xangô, o terreno para Oxóssi e o Axé de Oxum, a tríade que compõe seus alicerces. Foi na Casa Branca do Engenho Velho, com os assentamentos de Ayrá e de Oxóssi vindos da Barroquinha, que o Axé encontrou refúgio definitivo sob a Coroa assentada de Xangô, um santuário construído com as mãos calejadas da fé, à sombra do Bambuzal sagrado de Dankô e no acalanto das águas de Oxum. Uma Casa onde Oríkì's sagrados ecoam pelos corredores. 
   De lá, as sementes continuaram a se espalhar pelo Brasil, pelo Rio de Janeiro e pela Vila Vintém, e as festas do calendário espiritual da Casa são a presença viva do matriarcado de Iyá Nassô.

   VI

No próximo carnaval, essa semente dará muitos frutos em forma de homenagem àquela que é considerada a Iyá de todos os Ilês, a Mãe de todos os terreiros. Que sua história seja contada e celebrada com alegria, pois seu legado vive em cada toque dos atabaques, em cada dança sagrada, em cada gesto de devoção aos Orixás. Que sua luz continue a guiar os passos daqueles que buscam a verdadeira essência da fé e da ancestralidade. 
   A comunidade vai cantar o pertencimento ao Egbé Iyá Nassô. Unidos, celebraremos a força que nos guia, mantendo viva a chama do Axé e honrando o legado eterno de nossas raízes. O espírito de Iyá Nassô até hoje floresce em cada canto, fazendo ecoar a união que reverbera através dos tempos. 
 
 
 
   Assim, hoje o Egbé Vila Vintém bate seus tambores. 
   Somos mais uma Pequena África. 
   Somos mais um terreiro sagrado de Samba. 
   Somos o cortejo de um povo feliz. 
   Somos mais uma nação orgulhosa nascida do ventre do Axé. 
   Somos filhos e filhas das Mães Baianas. 
   Somos descendentes de Iyá Nassô e do machado da justiça de Xangô. 
   Somos Unidos nas cores das Áfricas e do nosso Orixá. 
   Somos o Branco de AyráIntilé e o Vermelho de Xangô. 
   Somos o Boi Vermelho que humildemente bate cabeça em reverência ao Ilê Axé Iyá Nassô Oká. 
   Somos parte de uma comunidade de fé. 
   Aguerridos, somos EgbéIyá Nassô.

Carnavalesco e autor do enredo: Alexandre Louzada e Lucas Milato
Texto: Clark Mangabeira e Victor Marques

FICHA TÉCNICA

Fundação: 12/11/1957
Cores: Vermelha e Branca

Presidente: Lenilson Leal

Carnavalesco: Alexandre Louzada e Lucas Milato

Diretor de Carnaval: Cicero Costa e Lara Mara

Mestre de Bateria: 

Rainha de Bateria: 

Interprete: Bruno Ribas

Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Vinicius Antunes e Jessica Ferreira
Comissão de Frente: Sergio Lobato

Quadra: Rua Mesquita, nº 8 - Padre Miguel, Rio de Janeiro
Barracão: Cidade do Samba- Rua Rivadávia Correa, nº 60 - Gamboa - CEP: 20.220-290

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